segunda-feira, 20 de julho de 2009

“MEU VIZINHO DE CIMA TEM UNS PARAFUSOS A MENOS” cena 1

“MEU VIZINHO DE CIMA TEM UNS PARAFUSOS A MENOS”


INT. QUARTO/SALA. NOITE

Quarto velho, mal iluminado. Vemos uma leve decoração natalina. ICABOT, 10 anos, termina de desembrulhar uma caixa. Enquanto a CÂMERA se afasta lentamente em direção a SALA, ICABOT abre o pacote.

ICABOR (over)
-Data: Vinte e três de dezembro. Finalmente ganhei um Kit de espionagem do FBI para crianças. Deve ter custado uma nota.

A CÂMERA passa pela porta, chegando na...

SALA...

Onde os moveis velhos e as paredes turvas seguem o mesmo estilo do quarto. Passamos em frente a algumas fotografias, onde vemos varias fotos antigas.

ICABOT (over)
-Meu avô foi o maior espião que o FBI já teve. Foi o único que desconfiava do NIXON antes do caso Waltargate. Por segurança, meu avô não quis ninguém da família seguisse seus passos. Pois segundo ele, temos uma família amaldiçoada pelo destino. Moro com minha avó. Meus pais morreram pouco depois que eu nasci num acidente nuclear na Europa.

Vemos CLOTILDE, 70 anos, Sentada no sofá assistindo tv.

ICABOT (over)
-Nunca vi muita graça em televisões. Meu pai era o melhor técnico de TV que o mundo já viu.

A tv pifa. DONA CLOTILDE levanta e começa a esmurrar a tv.

ICABOT (over)
-Só minha avó não achava. No fundo ela é uma pessoa gentil, mas é viciada nessa caixa de luz. Adorava também ouvir o som do telefone ou da campainha.

A campainha toca.
DONA CLOTILDE abre um sorriso, pega um espelho, se maquia rapidamente e coloca o espelho em pé sobre um móvel, no reflexo do espelho podemos ver sua mão abrindo a porta.

ICABOT (over)
-Era ele!

DONA CLOTILDE
-Senhor Maquiavélico!

O SENHOR MAQUIAVELICO, 60 anos, veste um sobretudo preto, tem poucos cabelos, e quase todos brancos, um bigode, uma bota de cownboy e segura uma maleta.
ICABOT vem até a sala, se escorando nos móveis pra não ser visto.

ICABOT (over)
-Ouvi os vizinhos dizerem no dia que ele veio visitar o prédio, que era um sujeito estranho, mais não esperava tanto.

DONA CLOTILDE
-Veio buscar as chaves, não?

DONA CLOTILDE vai até a cozinha. MAQUIAVELICO encara ICABOT, que tentava passar despercebido por de trás da televisão. DONA CLOTILDE volta com uma dúzia de molhos de chaves.

DONA CLOTILDE
-Essa é do 608, e essas são de todos os apartamentos do sétimo andar.

MAQUIAVELICO
-Todas elas.

DONA CLOTILDE
-O sétimo andar inteiro está disponível por causa das goteiras... mas logo logo vou mandar da um jeito nelas.

MAQUIAVELICO
-Não será necessário, adoro goteiras.

MAQUIAVÉLICO pega os molhos de chave e sai andando. DONA CLOTILDE fica por alguns instantes com a porta aberta olhando para o nada. ELA fecha a porta e se senta.

DONA CLOTILDE
-Maluco.

ICABOT observa tudo num cantinho atrás do sofá.

ICABOT (over)
-Ela estava certa. Eu tinha que investigar aquele sujeito, o prédio não estava seguro com um maluco desses a solta. Tinha cara de inventor maluco, mas usava botas de cowboy. Estranho.

DONA CLOTILDE
-Onde é que eu estava? Ah, sim!

DONA COLOTILDE se levanta e continua a esmurrar a tv.





Paulo Domingos

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